sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Eu já tive ódio dos homens, de vez em quando ainda tenho. Mas...tive um filho homem...daí em diante eu comecei a entender como eles funcionam. Não são tão diferentes das meninas enquanto crianças, mas na adolescência, o Peso de ser homem começa, junto com o Peso das meninas serem meninas. Como criamos meu filho com muito amor, carinho, e conversa, um pouco de espiritualidade também, o amor à natureza e aos animais, ele se tornou um homem maravilhoso. Tem Tourette, leve, graças a Deus. Eu, descobri o Tourette. Se eu não tivesse colocado ele na terapia já na pré-adolescência, o que teria sido dele? Um garoto alto, forte, de vontade forte, um escorpiano perfeito. Como eu cresci numa casa de mulheres (meu pai saiu de casa quando eu tinha 10 anos e minhas irmãs, 7...) eu não entendia como funcionavam os homens. Meu filho me ensinou o valor da palavra dada, da honra, do cuidado com os outros, do silêncio, mas da doçura também. Hoje respeito mais os bons homens por causa do meu filho. Somos diferentes, homens e mulheres, sim, mas podemos caminhar juntos nessa jornada árdua.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O quintal (atualizado)

 Enquanto acarinhava uma gatinha de minha irmã, no quintal em que crescemos, pensava, mirando um céu azul de agosto, na verdade um lindo dia, embora eu preferisse dias chuvosos, acreditem... lembrava de quantos gatinhos já brincaram nesse quintal, cimentado, simples...quantas gatas já pariram, brincaram e educaram seus filhotes nesse quintal, quantas flores se abriram e secaram nesse quintal. 

Eu, que construí a casa dos fundos, quando tive que fugir do aluguel para sobreviver, morei ali...saía de minha casa e vislumbrava aquele quintal abençoado, com um linda árvore, que eu plantei anos atrás...essa árvore que ainda está lá com orquídeas em seu tronco, barbas de velho, tilândsias, enfim, com uma biodiversidade bem grande...o jirau que já teve parreira, chuchu, maracujá, madressilva, maracujá de novo...já teve galinheiro e pé de cana nesse quintal. Já teve viveiro de canários, casa de cachorro, areia de construção, pé de milho, limoeiro...esse quintal tem muita história. 

Gerações usufruiram desse quintal...nós, meus primos, meus sobrinhos, meu filho e agora a filha do meu sobrinho... e quando eu fico ali me dá uma emoção sem igual, quero chorar, tenho saudade, sinto uma inquietação muito grande que invade meu ser...não sei explicar esse sentimento tão forte que me toma quando estou nesse quintal. Saudades de minha avó, meu avô, minha mãe, dos cachorros e gatos que viveram ali.

Quantas pessoas hoje em dia podem dizer o mesmo? Tiveram a oportunidade de brincar na terra, machucar os pés, colher alimentos em sua casa? Brincar com animais...olhar as nuvens lindas voando no céu...

Sinto falta dessa simplicidade, desse pé no chão, dessa capacidade de ficar ociosa, de olhar para o mundo e não para telas!

De não reclamar da comida simples, do chocolate só na Páscoa, de refrigerante somente no final de semana...dos bolos deliciosos de aniversário feitos por minha avó, das sobremesas e bolos mais simples feitos por minha mãe...capelete e rosca doce no Natal, Tortelle de abóbora na Páscoa. Pé de moleque em junho, canjica...dos presentes super simples que ganhávamos no aniversário e Natal...

A vida era bem dura sim. Sem pai, criadas por minha mãe e avós, com pouquíssimo dinheiro e apoio de quem quer que fôsse...Minha mãe cuidava também dos meus avós, que não tinham nenhum dinheiro. Não sei como ela dava conta...

Não tínhamos carro nem telefone, roupas de festa, sapatos finos, aulas de balé, mas tínhamos dignidade, humildade (até demais) e nos esforçávamos no que fazíamos. Não tinhamos quem nos levasse à escola, com sol ou chuva. Íamos com colegas, às vezes sozinhas, caminhando quase um quilômetro. 

Nunca fui encorajada para ser alguém importante na vida. Não dava tempo. Os adultos estavam trabalhando para nos manter. Eu apenas vivia e curtia as poucas coisas que conseguia.  Por isso entendo as pessoas mais pobres, o que elas sentem, a falta de incentivo, coragem, ímpeto de subir na vida. Para quem apenas tenta sobreviver, o resto é supérfluo.

Hoje, vejo a juventude perdendo muito tempo em redes sociais, trancados em seus quartos, acabando com seus corpos, parados, curvados na frente do computador ou celular, fazendo ou sofrendo bullying, tendo relacionamentos fugazes ou superficiais,  e sinto que estão desperdiçando seu tempo em muitas coisas fúteis e inúteis. Claro que há pessoas que não concordam comigo, mas é nítida a falta de capacidade das pessoas, hoje, de relaxar, curtir o momento, os filhos, os animais, as nuvens, a arte, a beleza incrível da natureza, de onde viemos e fazemos parte. Somos animais, precisamos desse contato tão saudável. Entretanto, para muitas pessoas é como se tudo isso não existisse. Houve uma quebra profunda de qualidade de vida.

Claro que o mundo muda, as gerações mudam, tudo é mutável. Mas até que ponto, pra melhor ou pior, quem julga isso? 

As pessoas se desconectaram de sua essência e isso é muito perigoso. Nunca houve tanta depressão, suicídios, principalmente entre os mais jovens, o que é uma verdadeira tragédia. As drogas, lícitas ou não, parece que não são mais consideradas vilões e sim amigos!

Sinto que  a desconexão e a polarização estão emburrecendo e embrutecendo a todos e isso está acontecendo mundo afora. Falsos líderes manipulam muito facilmente as massas...e para onde caminhamos?

Queria voltar no tempo para aquele quintal...

sábado, 29 de dezembro de 2018

Ah, Campos do Jordão...




Quem me conhece sabe que detesto calor. Não fui feita para esse clima tropical...por isso gosto tanto dessa cidade da Serra da Mantiqueira. Ar fresco, limpo, 20 graus durante o dia quase no verão (fui final de novembro), chuva gostosa, a natureza linda agradece, hortênsias gigantes floridas...enfim, é o meu lugar. Tenho esse sonho de um dia morar lá ou pelo menos passar  os meses mais quentes...quem sabe?

   








Feliz Ano Novo!!!

sábado, 5 de novembro de 2016

Homens!

Como é difícil conviver com homens. No mínimo desafiador...
Em casa sou eu, dois homens, 2 gatos machos e, graças a Deus, uma gatinha linda, branca, um olho de cada cor, azul e verde, um doce, minha "filha"...
Cresci sem irmãos, éramos eu, minhas duas irmãs gêmeas, minha mãe e minha avó. Meus pais eram separados, meu avô viveu conosco também mas faleceu cedo.
Não tive fortes exemplos de homens. Nunca os entendi muito bem até que meu sobrinho nasceu. Eu ainda não tinha filho. A convivência com aquele "molequinho" foi desafiadora e divertida. Fui aprendendo como funcionavam os meninos. Comecei a achá-los divertidos, leves, despreocupados. Quando minha sobrinha nasceu comecei a resgatar a menina em mim. 
Sabem, não sou aquele tipo de mulher cheia de fricotes. Cresci meio moleca, subindo em árvores, correndo descalça, ralando joelho...mas adorava a boneca Susi (o equivalente à Barbie). Nunca gostei de brincar com bonecas bebês...fantasiava a Susi morando sozinha, tendo namorado, etc...
Mas minha vida nunca foi como a dela.
Voltando aos homens, quando meu único filho nasceu, aí sim, eu comecei a conhecer os homens de verdade e as reações da família em relação ao machinho que acabara de nascer.
E para completar, meu filho era um bebê macho. Nunca ficou nas minhas pernas choramingando e balbuciando "mamãe". Frustrada fiquei...imaginava um bebezinho dengoso, grudado em mim, carinhosinho, sabem do que estou falando? Tanto amor pra dar...tanto dengo para curtir...e ele praticamente não precisava disso...
Ele mostrou-se independente desde muito cedo, o que me levou a entender que os filhos realmente não são nossos! O que é profundamente decepcionante.
Mas, voltando aos homens, eles são assim. Independentes! Não suportam controle de nossa parte, querem sentir-se os donos de suas vidas, não tendo que dar satisfação de nada.
Tenho meu lado masculino também e entendo isso, mas meu lado feminino quer um pouco de dengo, colo, atenção, respaldo, companheirismo, suporte, enfim...vocês mulheres me entendem.
Hoje, as questões de gênero estão mudando radicalmente. Talvez um jovem leia esse texto e diga: nossa, que coisa estranha...rsrs...as moças estão muito diferentes e os rapazes também. 
Ontem mesmo vi dois casais de mulheres, duas delas se beijando e achei meio estranho...ainda me choca um pouco. Que bobagem! Cada um deve procurar ser feliz do jeito que pode e quer, não é?
Achei que eu fosse uma pessoa de mente mais aberta mas pelo jeito vou ter que aprender a entender esse admirável mundo novo que está surgindo tão rapidamente e que às vezes me deixa sem fôlego!
Bom fds pra vcs!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Quanto tempo...

Outro dia, assistindo um filme sobre uma blogueira que escrevia sobre como criar filhos lembrei da vontade que eu sempre tive de escrever. Não tenho muita disciplina, mas vou tentar...

Amigos e amigas, como é difícil envelhecer. Muito mesmo! 

Minha mãe dizia que quando a gente entra nos "enta" não sai mais e a coisa começa a complicar.

Estou com 56 anos. Mas...minha cabeça e desejos são de 20 anos, porém com muito mais esperteza, conhecimento, cultura...Como resolver essa questão?

Depois que a menopausa chega e continua fazendo seus estragos, parece que realmente estamos ficando velhas. Não vou descrever o que nos acontece pois todas sabemos. Mas e a vontade de criar, viajar, fazer novas amizades, aprender coisas novas, etc, etc...como fica tudo isso?

E, para quem tem filhos, existe outro problema: eles crescem e querem ir para o mundo, o que é normal e óbvio, e você perde seus bebês...arrumar gatos ajuda (tenho 3), mas não resolve. 

Aquele vazio na alma é inevitável!

E quando se tem somente um filho homem, como eu, piorou...

Já estou meio que adotando meu sobrinho mais novo e minha bebê sobrinha-neta. Eu e minhas irmãs estamos planejando o sequestro dela sem pedir resgate!!! Brincadeirinha....

Eu quero ser útil, aprender, viajar, fotografar, comprar, começar usar roupas estranhas, sapatos ecológicos, plantar minha comida, ensinar tudo que sei, cortar o cabelo bem curtinho, deixar ele branco, vender artesanato na praia.....ufa!
Isso tudo me lembra aquele filme "Hotel Marigold"...

Será que dá para fazer tudo isso?
Acho que não... O dinheiro está curto, o marido ainda não está aposentado, os calores incomodam, o cansaço me faz olhar para a cama como um prêmio dourado e se encontrar um pote de sorvete no caminho vou devorar...

Mas não posso desistir de percorrer esse estrada dourada, não tão longa como antes, pois a vida é um eterno recomeço. É um subir e descer montanhas e atravessar lamaçais. 

É hora de nos encontrarmos conosco, descobrir quem realmente somos sem deixar mais que outros nos contaminem com seus próprios desejos e maneiras de ser.

Temos que ir para dentro de nós e nos fazer perguntas e encontrar respostas.

Temos valor, qualidades, especialidades, saberes de mulheres lobas e leoas.

"Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Tem experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem."

Clarissa Pinkola Estés descreve quem somos em nossa origem e podemos nos ver nesse trecho de seu livro "Mulheres que correm com Lobos". 

Sim, somos tudo isso e muito mais. Somo muito diferentes dos homens. Precisamos ser quem devemos ser e essa resposta está dentro de nós!

Corram lobas! Unidas!


Eu já tive ódio dos homens, de vez em quando ainda tenho. Mas...tive um filho homem...daí em diante eu comecei a entender como eles funciona...